A adolescência pode ser um período bem cruel para muita gente. Não à toa, é durante ela que a maioria dos casos de bullying costumam acontecer. E muitos deles acabam tendo consequências bastante graves, seja para quem praticou ou para quem sofreu as agressões. Pior ainda, em muitos casos, pessoas que nem tiveram nada a ver com elas acabam também pagando o preço.
O assunto já se tornou tão comum que há séries, filmes e até jogos de videogame dedicados a isso. Aqui, listamos 10 casos de bullying que acabaram em tragédia.
Amanda Todd
O caso de Amanda Todd é, talvez, um dos mais conhecidos. A menina canadense de apenas 15 anos sofreu bullying e cyberbullying (o mesmo tipo de agressão, mas na internet) por alguns anos.
O caso ganhou bastante notoriedade porque um pouco mais de um mês antes de cometer suicídio, Amanda Todd publicou um vídeo no seu canal do youtube que se tornou viral. Nele, através de alguns cartões escritos a menina relatou como tudo aquilo fazia com que ela se sentisse triste e insegura.
Um dos motivos para que Amanda Todd chegasse a esse ponto foram as chantagens que sofria online. Na época, o caso repercutiu tanto que até o famoso grupo de hackers Anonymous se interessou e partiu em busca dos agressores de Amanda.
Aydin Coban, um homem holandês muito mais velho que a menina, foi preso pouco tempo depois. A suspeita é de que ele fosse a pessoa que a chantageava – e, além dela, mais diversas pessoas da Europa e América do Norte. Mesmo que a polícia tenha juntado algumas provas irrefutáveis, ele ainda alega inocência.
Angelina Green
Em março de 2013, Angelina Green tinha apenas 14 anos. Há algum tempo, ela relatava à mãe que tinha problemas com outros alunos da escola onde estudava. Angel, inclusive, chegou a tentar se suicidar duas vezes por conta disso.
A menina saía para pegar o ônibus escolar todos os dias por volta das 6 da manhã. Era comum que a mãe fosse um pouco mais tarde até o ponto, ver se estava tudo bem e se a filha já estava a caminho da escola. Naquele dia, ao chegar no ponto de ônibus, ela viu o que não queria.
Angelina Green havia se enforcado em uma árvore próxima ao ponto de ônibus. Assim, as outras adolescentes que faziam bullying com ela poderiam ver o que causaram. A menina inclusive chegou a escrever um bilhete, que a mãe achou mais tarde no quarto, que dizia “foi o bullying que me matou”.
Ashley Cardona
Ashley Cardona era ainda mais nova que as meninas citadas anteriormente. Com apenas 12 anos, Ashley era bastante alta e tinha uma cicatriz no rosto. Isso fez com que os colegas de escola passassem a escolher apelidos degradantes para a menina.
Ela mencionou o bullying em casa apenas uma vez. Mesmo assim, ele parece ter acontecido por tempo o bastante para que ela não pudesse mais aguentar. Em 2014, ela fez um post no instagram dizendo que não estava bem. Pouco depois disso, cometeu suicídio.
Megan Meier
Desde os 8 anos, Megan lidava com a depressão. Ela era medicada e já havia demonstrado pensamentos suicidas.
Aos 13 anos, enquanto navegava por uma rede social chamada MySpace, ela conheceu um rapaz chamado Josh Evans. Eles fizeram amizade e se aproximaram cada vez mais. Mas de repente, Josh começou a agir de forma diferente com ela. Eles nunca tinham se visto ao vivo, porque ele dizia ser de outra cidade. Entretanto, o garoto supostamente conhecia algumas pessoas que também a conheciam.
Segundo Josh, ele ouviu dizer que ela não era muito agradável com os amigos. Ele acabou divulgando também algumas mensagens que trocava com ela e disse para Megan que o mundo seria um lugar melhor sem ela.
Pouco depois dessas mensagens, Megan cometeu suicídio. Mais tarde, a polícia descobriu que Josh sequer existia. O perfil na rede social era controlado por uma vizinha, mãe de uma menina que tinha a mesma idade de Megan.
Columbine
Embora muitos dos casos aqui citados tenham acabado em suicídio, nem sempre a vítima sofre sozinha. O caso de Columbine é um dos maiores exemplos de como, muitas vezes, o bullying pode motivar comportamentos violentos.
Eric e Dylan eram rapazes de quem os alunos mais populares gostavam de fazer piadas. Eram chamados de esquisitos e frequentemente se tornavam os alvos de brincadeiras na escola.
Os colegas ainda não sabiam, mas eles tinham um plano de vingança, cada dia mais elaborado. Em 20 de abril de 1999 os dois meninos foram para a escola com diversas armas e bombas. Eles espalharam as bombas pela escola e atiraram nos outros alunos por onde encontravam, até que muitos tentassem se esconder na biblioteca. Eric e Dylan encontraram, no massacre, uma forma de se vingar dos anos de bullying que vinham sofrendo na escola.
Eles mataram 13 pessoas, feriram 24 e depois se suicidaram. Exceto por dois funcionários (um morto e uma ferida), todos as demais vítimas tinham entre 14 e 18 anos.
Jamel Myles
Jamel Myles tinha apenas 9 anos quando, pouco antes da volta às aulas, decidiu contar para a mãe que era gay. Ele ficou com medo da reação dela, mas foi bem aceito pela família e estava orgulhoso de si mesmo.
Decidiu, então, fazer o mesmo na escola durante a primeira semana de aulas. A reação das outras crianças, no entanto, não foi tão receptiva. A irmã mais velha de Jamel conta que, inclusive, algumas crianças disseram que ele deveria se matar.
E foi exatamente o que ele fez ao voltar da escola depois do quarto dia de aula.
Rebecca Ann Sedwick
Com apenas 12 anos, Rebecca viu a vida dela se tornar um inferno. Suas redes sociais rapidamente se tornaram motivo de vergonha para a menina, já que só recebia mensagens ofensivas.
Além disso, ela sofria represálias pessoalmente na escola. Tudo isso, segundo outros alunos, por causa de um menino. Duas meninas, em especial, foram mais duras com Rebecca e a polícia acredita que tenham sido, em parte, responsáveis pelo suicídio dela.
A idade foi provavelmente um grande fator para inocentá-las, mesmo que houvesse provas de que as mensagens tinham a intenção de agredi-la. Por mais de um ano, Rebecca leu mensagens como “você é feia”, “deveria se matar”, “por que ainda está viva?”.
Mallory Grossman
Em um caso bastante parecido com o anterior, um grupo de alunos decidiu usar um celular para perseguir a menina de 12 anos. Cada vez com um aluno diferente, o aparelho era usado para mandar mensagens ofensivas no instagram e snapchat de Mallory.
As mensagens frequentemente falavam mal da aparência dela e provocavam a menina a se matar. A mãe de Mallory, ciente do problema, chegou a conversar com os pais de algumas das outras crianças e com responsáveis pela escola. Mesmo assim, nada mudou.
Antes de cometer suicídio, ela teve dores de cabeça e estômago e não queria ir para a escola. Tudo isso, com fundo emocional.
Chacina de Santa Fe
Dimitrios Pagourtzis tinha 17 anos e era alvo constante de bullying. Ele não tinha muitos amigos e falava pouco, exceto com uma menina por quem se apaixonou e parecia não demonstrar o mesmo afeto por ele.
Em maio de 2018, ele entrou na escola com um revólver e uma escopeta escondidos. Em poucos minutos, assassinou 10 pessoas – incluindo a menina por quem se dizia apaixonado – e feriu outras 10.
Segundo os diários do rapaz, sua intenção era se suicidar depois, mas acabou optando por se entregar à polícia.
Realengo
Na manhã de 7 de abril de 2011, o Rio de Janeiro teve sua própria versão do massacre de Columbine. Wellington Menezes de Oliveira, então com 23 anos, entrou na escola onde havia estudado até a oitava série com duas armas. O rapaz efetuou disparos nos corredores e em algumas salas de aula.
Ele assassinou 12 pessoas e feriu outras 20. Ao ser atingido na barriga por um policial, ele decidiu atirar em si mesmo.
Nos diários de Wellington e em depoimentos dos familiares, a polícia encontrou diversos relatos de bullying ao qual ele teria sido submetido no período em que estudou na escola. As perseguições eram desde verbais, até físicas.
Entre as muitas anotações de Wellington, ele dizia que o que faria era um gesto de resistência. Que estava apenas se vingando do tipo agressão que ele e outras tantas pessoas passaram durante a época da escola. As vítimas de Wellington tinham entre 13 e 15 anos.
Estes são apenas alguns poucos casos de bullying que acabaram em tragédia. Entretanto, existem muitos outros com consequências tão graves quanto eles. Por isso, se você for vítima de bullying ou conhecer alguém que é, procure meios de denunciar. Isso pode evitar que coisas como essas aconteçam com pessoas próximas a você.