Katie Bouman: A mulher responsável pela primeira foto de um buraco negro

O dia 10 de abril de 2019 foi um dia histórico para ciência, pela primeira vez o mundo viu a foto de um buraco negro. Não há como não citar Albert Einstein, que há mais de 100 anos já falava sobre o fenômeno.

O anúncio da fotografia surpreendeu o mundo e marcou o começo de uma nova onda de pesquisas.

Nada disso seria possível sem a criação do algoritmo desenvolvido pela equipe liderada por Katie Bouman, uma cientista norte americana de apenas 29 anos de idade.

Vamos conhecer a história desta mulher e descobrir como ela se tornou uma lenda internacional.

Quem é Katie Bouman?

Onde quer que você procure pelo nome de Katie Bouman você encontrará que ela é a mulher por trás da primeiro foto de um buraco negro já tirada desde sua descrição a mais de 100 anos atrás.

Mas aqui vamos entrar em mais detalhes, afinal, a ciência entrou na vida de Katie bem mais cedo que isso.

Bouman se apaixonou pelos telescópios na primeira vez que ouviu falar sobre eles em uma palestra durante seu ensino médio em Indiana que apresentava o Event Horizon Telescope.

A sua vida foi inteiramente dedicada à ciência. Ela estudou engenharia elétrica na Universidade de Michigan, obteve mestrado e doutorado em engenharia no Instituto de Tecnologia de Massachusetts e tornou-se membro do Observatório Haystack do MIT.

Ainda jovem ingressou em Harvard como pós-doutoranda na equipe de imagens do Event Horizon Telescope.

De sua graduação até a publicação de seus primeiros estudos sobre o algoritmo se passaram apenas 5 anos. Em 2016 ela escrevia para Astronomy Now sobre uma maneira eficiente de se fotografar um buraco negro.

No ano seguinte ela foi convidada a realizar uma palestra no TED a respeito do mesmo tema. O evento foi intitulado “Como Tirar uma Foto de um Buraco Negro” e contava detalhes a respeito da funcionalidade de seu algoritmo.

Você consegue imaginar o burburinho que isso não deve ter gerado em meio a comunidade científica? A mais de 100 anos Einstein falava sobre algo e até então ninguém havia conseguido enxergá-lo.

O algoritmo

De acordo com Katie, tentar fotografar um buraco negro é o mesmo que desejar tirar uma foto de uma laranja colocada sobre a superfície da lua. Segundo ela seria necessário um telescópio de 10 mil quilômetros de diâmetro, o que seria algo bem próximo do tamanho da Terra.

Como você pode imaginar, dificilmente um equipamento tão grande seria criado. Diante disso, ela resolveu desenvolver uma outra maneira pela qual a fotografia pudesse ser tirada. A ideia era usar não apenas um, mas muitos telescópios associados.

É exatamente para isso que serve o seu algoritmo, ele reúne dados de radiotelescópios espalhados por todo o mundo.

Até chegar ao resultado final, foram muitos desafios. Diversos modelos foram desenvolvidos em busca de gerar dados sintéticos. Esses dados seriam então testados em busca de recuperar a imagem capturada.

A ideia era desenvolver mais de um algoritmo para que as suposições incorporadas por cada um deles se complementassem gerando maior confiança naquilo que se estava apresentando.

A primeira foto de um buraco negro

O anúncio feito em 10 de abril foi realizado em meio a um conferência científica internacional e televisionado para diversos países.

A abertura do evento ficou sob responsabilidade de Carlos Moedas, representante do European Research Council. Emocionado ele relembrou os estudos de Einstein enquanto descrevia a importância deste avanço para a comunidade científica.

Membro de diversas instituições importantes participaram da cerimônia. Cerca de 15 minutos após a abertura o mundo conheceu a primeiro foto de um buraco negro.

A imagem viralizou rapidamente. Todos já ouviram falar sobre um buraco negro, poucos sabem descrevê-lo, mas ninguém jamais havia visto um deles.

Katie Bouman também se mostrava bastante surpresa nas redes sociais. Seu post era contemplado pela legenda “”Observando, incrédula, a primeira imagem que eu já fiz de um buraco negro enquanto estava em processo de reconstrução”. Katie realmente tem com que se alegrar, o seu projeto entrou para a história.

A imagem não é apenas histórica e surpreendente, mas é também de proporções absurdas. Para armazená-la foram necessárias 5 petabytes. Isso equivale a selfies tiradas por 40 mil pessoas ao longo de toda a vida.

Mas, tudo foi resolvido através de uma pilha de discos rígidos, também orgulhosamente mostrados por Bouman em suas redes sociais.

Seu algoritmo é comparado aos estudos que levaram o homem a lua em 1969.

O buraco negro permanece sendo um grande mistério, mas pelo visto não por muito tempo.