Síndrome do Lobisomem, você já ouviu falar nela?

Você conhece a síndrome do Lobisomem? Se você leu nosso artigo sobre Julia Pastrana, a Mulher Macaco, já tem uma ideia sobre o que estamos falando. Não, não estamos falando sobre aquela que recai sobre o oitavo filho homem que sucede o nascimento de sete meninas, e que só acontece em noites de lua cheia.

Diferente da lenda do Lobisomem, essa condição também conhecida como síndrome de Ambras é real, e começou a “aterrorizar” a humanidade no século 16.

A família de lobisomens do castelo de Ambras

Se você viajar até a Áustria e visitar o histórico castelo de Ambras, em uma de suas muitas câmaras, conhecida como câmara de artes e maravilhas, encontrará um pintura do século 16, um retrato da família de Petrus Gonsalvus.

Petrus, que se tornou famoso na época por ser portador da síndrome, vivia entre a nobreza, tendo atuado na corte de ao menos dois reis europeus. E em uma história que muitos dizem ter inspirado a de “A Bela e A Fera”, uma linda mulher foi dada a ele, e ordenada a se casar com ele.

Acontece que como hoje sabemos, a condição era genética e muitos dos seus filhos e netos a herdaram. Apesar de raríssima, após Petrus Gonsalvus a doença começou a ser observada mais de perto, e mais de 50 casos foram registrados.

No que, afinal, consiste a Síndrome do Lobisomem?

Clinicamente a Síndrome do Lobisomem é conhecida por Hipertricose e se caracteriza pelo crescimento excessivo de pelos em toda a pele dos afetados, com exceção das regiões mucosas e plantas dos pés e das mãos.

A doença é genética, e além dos problemas capilares trás aos afetados uma carga psicológica negativa fortíssima. Ao longo da história a crueldade da humanidade garantiu que os afetados nunca fossem tratados com dignidade, e isolados como bestas e aberrações não é incomum  que desenvolvam casos graves depressão.

Tratamento da Hipertricose

Não existe cura para a síndrome e a única forma de tratamento reconhecidamente eficaz é a depilação.

A longo prazo, apenas a depilação a laser oferece um efeito duradouro para os que sofrem com a síndrome do Lobisomem.

Casos Famosos

Devido a excentricidade da condição e dificuldade de se encontrar emprego, no século 19 muitos dos que sofreram com a crise fizeram sua carreira no circo, servindo de atração nos famosos “Freak Shows” da época.

Além de Julia Pastrana, a mulher macaco, outros famosos afetados pela hipertricose fizeram parte dessas atrações

Jo-jo, o homem com cara de cachorro

Fedor Adrianovich Jeftichew foi um russo trago para américa especialmente para apresentar esse espetáculo por um dos maiores circos do mundo, o Barnum & Bailey.

Chegando aos Estados Unidos com 16 anos, o russo se apresentava com seu pai, que também tinha a mesma condição e, após a morte do seu pai, passou a se apresentar com seu, também afetado, filho.

Lionel, o homem com cara de leão

Stephan Bibrowski era o homem por trás dessa apresentação. O garoto já nasceu todo coberto de pelos, e sua mãe o considerava uma aberração tão grande que o deu a um empresário quando ele tinha apenas 4 anos.

A mulher havia testemunhado o pai de Stephan ser atacado por um leão quando ela estava grávida, e acreditava que isso tinha de alguma forma afetado a criança.

Stephan começou a se apresentar como criança, e mais velho viajou a américa onde além do circo Barnum & Bailey se apresentou também no famoso parque de diversões Coney Island.

Jesús Aceves, o homem-lobo

O mexicano Jesús Aceves ainda está vivo, e já se apresenta como homem-lobo ou homem macaco há muitos anos. Sua irmã, também afetada pela síndrome do Lobisomem, conseguiu uma vida normal, é policial, casada e mãe de um filho.

Na tentativa de assim como sua irmã conseguir uma vida normal, o mexicano se barbeou pela primeira vez para um documentário da BBC chamado “Não é fácil ser um menino lobo” e foi buscar um emprego normal. Não conseguiu lidar com os salários mais baixos e desistiu.

Jesús, hoje em dia, se apresenta com o Circo dos Horrores na inglaterra.

Caso recente no Brasil

Kemilly Vitoria Pereira de Souza, uma brasileira de 7 anos nasceu no interior de Tocantins afetada pela síndrome do Lobisomem. Em decorrência disso sua família sofreu bastante com a falta de compreensão da sociedade à condição da filha.

Em 2014 eles se mudaram para Goiânia onde conseguiram garantir para menina um tratamento a laser no Hospital Maternidade Infantil, e posteriormente ganharam a continuidade do tratamento de graça em uma clínica particular.

Hoje a menina já tem a pele como a das amigas da escola, e de acordo com relatos de jornalistas adora se arrumar, brincar de boneca, é vaidosa e está cheia de auto-estima.

A ciência tem feito o seu melhor para minimizar o impacto da doença. Ainda assim, é uma pena que tantos afetados pela síndrome do Lobisomem pela história sejam tão mal compreendidos. Isso mostra que como humanidade ainda temos muito o que crescer para dar àqueles que estão ao nosso redor o respeito que merecem independente das diferenças.

Esperamos que o conhecimento passado por esse artigo contribua com esse crescimento, e te leve a ver com outros olhos, não só os que sofrem como hipertricose, mas todos ao seu redor que podem estar passando por situações semelhantes mesmo sem portar doença alguma.