O caso de George Stinney Jr, o garoto mais jovem a ser condenado a morte, voltou à tona depois de ele ter sido declarado inocente 70 anos após o cumprimento de sua pena. Ele foi morto na cadeira elétrica aos 14 anos de idade.
Essa é uma história comovente e uma prova das mazelas da humanidade. A vitória na luta desta família por limpar o nome de George serviu de conforto. Mas nada irá apagar tudo o que aquele menino americano veio a passar.
A história de George Stinney Jr marcou o mundo não só por ele ter sido a pessoa mais jovem a ser condenada à morte. Mas principalmente, por ser um dos casos mais injustos conhecidos.
Quem foi George Stinney Jr?
George Stinney Jr era um garoto negro norte americano que vivia em Alcolu, no condado de Clarendon na Carolina do Sul. Nascido em 1930, cresceu em uma sociedade segregada e preconceituosa.
Stinney vivia com seu pai George Stinney Jr, sua mãe Aime e quatro irmãos em uma casinha simples que pertenciam ao patrão de seu pai, que trabalhava em uma serralheria.
Para sua família humilde, viver separado já era algo bastante comum. Eles tinham uma área restrita na cidade, não deviam se misturar com os brancos nas escolas e nem nas igrejas. A segregação era controlada por lei e em hipótese alguma um negro poderia habitar o mesmo local que um branco.
A vida de George Stinney foi inteiramente regada a preconceitos, após ter passado toda a infância em meio a segregação, ele acabou sendo morto injustamente após ser condenado por um júri extremamente racista.
O crime
Você já deve estar curioso para descobrir o que George Stinney teria feito de tão grave para ser condenado à morte aos 14 anos de idade. Mas vamos começar essa história do começo.
Tudo aconteceu em 23 de março de 1944. George cuidava de sua irmã Katherine que na época tinha 10 anos de idade, quando de repente duas meninas, Betty June Binnicker, de 11 anos, e Maria Emma Thames, de 8 anos, andavam de bicicleta próximo a residência dos Stinney.
Acostumados a separação, os irmãos permaneceram exatamente como estavam. Até que as meninas resolveram perguntar a eles a respeito das “flores-da-paixão” e onde poderiam encontrá-las naquela região.
E foi essa breve conversa a responsável pelo fim da vida de George Stinney. Além do motivo de todo o sofrimento vivenciado por sua família nos anos que se seguiram.
Depois daquele breve bate papo, as meninas desapareceram completamente. As buscas duraram algumas horas e envolveram centenas de voluntários. No dia seguinte o corpo das duas meninas foram encontrados em uma vala.
Ao que tudo indica as duas teriam sido mortas após terem sido fortemente atingidas na cabeça.
Conforme você deve estar imaginando, George Stinney foi o primeiro suspeito do crime. Ele foi preso poucas horas depois.
Ninguém sabe exatamente o que aconteceu em seu interrogatório. Um grupo de policiais o trancaram em uma sala fechada e horas depois o menino havia confessado o crime.
Condenação
Acusado de assassinato em primeiro grau, ele foi preso e ficou aguardando o seu julgamento que aconteceu em 24 de abril daquele mesmo ano. Com poucas testemunhas de defesa e um advogado branco pouco dedicado a defendê-lo, ele foi condenado a morte após 5 horas de audiência.
O advogado do estado incubido da defesa não fez qualquer tipo de contra argumentos e nem recorreu a sentença.
O menino foi morto em 16 de junho de 1944 no complexo correcional de Columbia na Carolina do Sul.
Pequeno demais para sua cadeira, o pequeno garoto negro caminhou com uma bíblia debaixo o braço e aguardou calmamente sua execução. Após 3 choque de 2400 volts, Stinney deu seu último suspiro.
A revisão do julgamento 70 anos depois
As irmãs de George lutaram 70 anos para que o caso fosse reavaliado em busca de limpar o nome do irmão. Em 2014 a juíza Carmen Tevis Mullen foi a responsável por rever o caso, no qual encontrou várias brechas.
O interrogatório dos policiais foi realizado de forma inconstitucional e portanto não tinha valor. Além disso, as informações descritas por eles não estavam totalmente relacionadas, o que sugere que algumas informações teriam sido inventadas.
Segundo a documentação a arma do crime era uma barra de ferro de cerca 10kg. Era impossível que um menino franzino como George Stinney fosse capaz de manusear algo tão pesado.
De acordo com a juíza responsável pela reabertura do processo, ela jamais havia ouvido falar de um crime que envolvesse tantas injustiças como aquele caso.
George foi então declarado inocente e 70 anos após sua morte, seu nome foi limpo.